Se você está envolvido em algum nível de mudança com sua saúde e autocuidado, este texto é para você.
Aderir a melhores hábitos e introduzir práticas de bem estar têm se tornado a meta de saúde de cada vez mais pessoas. Porém, o maior desafio de quem está engajado em um novo modelo de saúde é o de não desistir no meio do caminho, manter a motivação do início ao fim do processo e ajustar as metas e recursos em cada fase. Afinal, quem aí nunca passou pela experiência de abandonar o barco da “dieta dos sonhos” ou das idas com frequência à academia depois de uma ou duas semanas? Como implementar um plano que dure a longo prazo e traga os resultados tão almejados?
Os estudos que se aprofundam nos planos de mudança propostos pela medicina do estilo de vida apontam que em mais de 60% dos casos de tentativa de implementação de novos hábitos, as metas propostas se concretizam e os novos hábitos não se mantêm por mais de 6 meses. Algumas pessoas começam a mudança mas não mantém a motivação, outras desistem quando estão no meio do caminho e, existe ainda o grupo daqueles que nem mesmo tiram da imaginação aquilo que tanto querem colocar como bons e novos hábitos. Dessa forma, o que era para ser um processo prazeroso e regado por bem estar torna-se um peso carregado de culpa, sensação de incapacidade e baixa autoestima. Neste contexto, esse pano de fundo de frustração contribui inclusive para que o indivíduo vivencie mais estresse, insatisfação, ansiedade e desesperança, gerando um reforço dos hábitos ruins. E esse contexto é um prato cheio para o surgimento daqueles pensamentos sabotadores do tipo:
“Quem come saudável se alimenta só de alface.” Ou ainda, “Não me exercito porque não gosto de academia.”
Essas frases tão comuns mostram o quanto grande parte da população está presa ao pensamento de “tudo ou nada” sobre dieta saudável e a rigidez do entendimento de quem acha que exercício físico só pode ser praticado na academia para ter seus efeitos, e mais que isso pensam precisa suar litros para alcançar os benefícios de uma prática eficiente.
Este artigo tem justamente o objetivo de trazer 5 pontos fundamentais para que seu modelo de cuidado e saúde torne-se constante e sustentável, rompendo principalmente com esse senso comum de que estilo de vida saudável não pode ser simples, fácil e acessível.
Segundo a NHS Improving Quality do Reino Unido, órgão responsável por implementar melhorias na qualidade dos serviços de saúde, mostrou em um dos seus estudos sobre implementação de planos de cuidado duradouros e bem sucedidos que é necessário sistematizar do início ao fim os processos envolvidos na mudança de hábito. Por exemplo, não é simplesmente decidir se exercitar e calçar o tênis que fará o sedentário aderir a caminhada como hábito, existe uma organização entre a decisão e a ação que precisa ser conhecida pelo praticante para que ele reconheça os fatores de risco que podem o levar a desistir no meio do caminho, e também os pontos fortes que o farão aprimorar e sustentar o hábito ainda que diante de desafios.
Esses 5 passos são: preparar, acionar, qualificar, aprimorar e evoluir. O primeiro passo é o de preparação, que inclui decidir qual hábito quer incorporar, buscar conhecimento sobre o assunto, definir o objetivo a ser alcançado nesse momento inicial, buscar os recursos que precisa para agir, recrutar mais pessoas para apoiarem e se envolverem ao processo, definindo também qual será a função de cada uma delas. Depois desse momento é necessário agir! Nessa segunda fase é “colocar a mão na massa”, mesmo. Fazer o que precisa com o recurso que tem e dessa forma reconhecer os possíveis desafios e as facilidades no processo. Portanto, claramente, nesta fase não espera-se alcançar os resultados tão sonhados, mas sim reconhecer as barreiras que impediram que o hábito acontecesse até esse momento, perceber como o ambiente interfere na conquista das metas diárias para chegar ao objetivo escolhido.
A maioria das pessoas fica estagnada na segunda fase do processo, são bons fazedores mas péssimos administradores. Para que a mudança de estilo de vida seja consistente é necessário ter qualidade. Nessa terceira fase de qualificação a proposta é elaborar o passo a passo que vai reduzir os risco de desistência e ao mesmo tempo facilitar o cumprimento da meta diariamente.
Como a dinâmica da vida está sempre desafiando os bons hábitos, seja pelo excesso de demandas, os convites as distrações, ou estresse que subtrai o foco no autocuidado, faz-se necessário aprimorar o plano de cuidado revisitando de tempos em tempos cada uma das fases anteriores, ou seja, atualizar-se no conhecimento sobre o tema, reconhecer os ganhos e as mudança alcançadas no período, estabelecer metas mais ousadas, superar as fragilidades, ou ainda, trazer mais detalhes para o passo a passo, incluir novas fases no processo são pilares fundamentais para que a ação não pare e que o objetivo seja alcançado e mensurado em curto, médio e longo prazo.
Por último, mas não menos importante, a evolução do processo precisa ser muito clara para que o engajamento mantenha-se. Quanto mais esses pilares forem experimentados e ficarem mais detalhados, mais rápido será incorporar a nova rotina como hábito, mais satisfeito você irá ficar e mais importante será dado ao estilo de vida saudável.
Até que o corpo emita sinais, através das memórias de bem estar e emoções positivas sejam alcançadas pela mudança, seja o lembrete para que você não o abandone ou esqueça de cuidá-lo é necessário que o ambiente faça esse papel, que o cérebro organize todo processo. A longo prazo, o acúmulo de vivências organizadas e bem elaboradas faz com que o hábito torne-se um verdadeiro ritual onde nada é mais importante e nenhuma solicitação faça mais sentido do que seu momento de bem estar.
Dra. Caroline Giuliano
Hospital Israelita Albert Einstein
A Dra Caroline Giuliano é médica, membro do American College of Lifestyle Medicine, especializada em Medicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein e tem formação em Antroposofia e Ayurveda.
Há dez anos, ela enfrentou um colapso de saúde que a deixou dependente de medicamentos.
Insatisfeita com as soluções temporárias da medicina convencional, ela se voltou para a medicina integrativa, transformando não só sua saúde mas também sua vida.
Agora, a sua missão é ajudar outros médicos e profissionais de saúde a construir um ambiente terapêutico de bem estar físico, psicológico e emocional através de ferramentas e estratégias validadas cientificamente, reconectando o profissional com seu propósito de cuidar de vidas de verdade.